Delírios Cognitivos

Eu sinto que não sinto mais nada,

As lindas flores da infância estão mortas,

Mumificadas ainda na memória,

E quando encontrei minha verdadeira alma

vi o quão estava completamente perdido;

Meu silêncio gritou por ajuda,

E só ouvi o eco de meus pensamentos impronunciados,

Veja os milhões de cadáveres dizimados pela inércia de teu Amor Divino,

através dos séculos e milênios de teu reinado hipotético.

A escravidão de se amar,

a cegueira de pensar que se vê,

centenas de células morrendo a cada respiração dada,

o tempo perdido em se viver esse absurdo normalizado,

delírios cognitivos comandam todo o teu ser.

Línguas se acariciando sem saber o verdadeiro porquê,

O sêmen do Absurdo cavalgando para o interior da vulva da Existência,

Enquanto todo o comércio urbano comercializa seus próprios consumidores,

E por tão pouco nos vendemos,

Mas tu és tão essencial quanto o verbo haver significando existir.

Toda convivência é o princípio de uma despedida,

Todo apegar-se a qualquer coisa é um desapegar-se de si mesmo,

Tantas sementes ideológicas são inoculadas em cada um de nós,

E quanto mais direitos constitucionais nos dão

Mais controle eles exercem sobre nossas vidas.

Nossa liberdade outorgada por livros inanimados,

Nossa liberdade sancionada sem que sequer nos consultassem,

As grandes decisões são tomadas como se não existíssemos,

Encarcerados pela ânsia da Liberdade,

Pois não enxergas a escravidão da tua liberdade.

O céu sangra,

O mar dos Verbos evapora-se,

A mente suplica ao coração para que cesse de pulsar,

O corpo exausto de carregar o fardo da alma,

Pois a alma é o real cárcere do corpo.

Ó meu Eu: quem ou o quê tu empiricamente és?

Gilliard Alves

Acaraú, 16 de Abril de 2009

Gilliard Alves

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 16/04/2010
Reeditado em 17/04/2010
Código do texto: T2201161
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