Mago da Luz.
Nunca soubeste quem eu era
porque teu sol de primavera
jamais brilhou sobre mim...
Mas eu sou, o mágico do sonho;
quem cria e produz as ilusões,
quem traz o sonho à luz do dia
para transformá-los em poesia
e dar vida às tuas emoções...
Se teu presente é enfadonho,
eu trago as luzes do futuro
o reflexo brilhante do cristal puro
sob retalho de tempo inalterável.
Sobre a glória do passado,
as cores de um quadro esquecido,
que um poeta pintou, embevecido,
da própria criação, admirado;
da realidade estupenda e pasma
aos delírios de um fantasma
que o tempo consumiu...
Nunca soubeste quem eu era.
Mas eu percebo a mentira sutil
sob o encanto da quimera
tantas vezes tão atraente
que se sobrepõe à verdade...
E, em meu mundo transparente,
importa somente a vontade
porque ela cria e predispõe;
alça voo e se recompõe
sobre a palavra decomposta,
monossilábica, ininteligível,
buscando algum novo sentido...
E afinal, do encantamento dela
a luz mora em minha mão
cheia de um fogo terrível
que por séculos tem consumido
as fibras de meu coração,
os meus olhos e minha boca
para explodir em aquarela
sobre uma estrela vazia e oca
que nunca teve a minha luz...
Nunca soubeste quem eu era.
Mas sob o tormento mudo
continuarei aqui à tua espera,
contudo e apesar de tudo
sob a sombra de minha Cruz !