Mago da Luz.

Nunca soubeste quem eu era

porque teu sol de primavera

jamais brilhou sobre mim...

Mas eu sou, o mágico do sonho;

quem cria e produz as ilusões,

quem traz o sonho à luz do dia

para transformá-los em poesia

e dar vida às tuas emoções...

Se teu presente é enfadonho,

eu trago as luzes do futuro

o reflexo brilhante do cristal puro

sob retalho de tempo inalterável.

Sobre a glória do passado,

as cores de um quadro esquecido,

que um poeta pintou, embevecido,

da própria criação, admirado;

da realidade estupenda e pasma

aos delírios de um fantasma

que o tempo consumiu...

Nunca soubeste quem eu era.

Mas eu percebo a mentira sutil

sob o encanto da quimera

tantas vezes tão atraente

que se sobrepõe à verdade...

E, em meu mundo transparente,

importa somente a vontade

porque ela cria e predispõe;

alça voo e se recompõe

sobre a palavra decomposta,

monossilábica, ininteligível,

buscando algum novo sentido...

E afinal, do encantamento dela

a luz mora em minha mão

cheia de um fogo terrível

que por séculos tem consumido

as fibras de meu coração,

os meus olhos e minha boca

para explodir em aquarela

sobre uma estrela vazia e oca

que nunca teve a minha luz...

Nunca soubeste quem eu era.

Mas sob o tormento mudo

continuarei aqui à tua espera,

contudo e apesar de tudo

sob a sombra de minha Cruz !

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 30/06/2010
Reeditado em 30/06/2010
Código do texto: T2350235