Penumbras

Penumbras

Com olhar taciturno,tateando a sombra,

a fímbria ensolaradaa esperando sulcar,

cismei e afinal,se ela tanto me lembra,

o que há d'errado em estagnar e estiar?

Caia juncada aos meus pés e ali ficava

a dulcificante preguiça passarinhando

a andorinha forasteira que despertava

em nudez sua solitude me penetrando!

Alma errante,da fadiga merece descanso,

para restabelecer-se na maior esperança

e nada melhor que o candoroso remanso

serenamente desalinhavando a andança!

Imprevista,poda o tamanho da ansiedade,

criando vasto vácuo fecundo e temporão,

que se abisma e as almas jovens invade,

com especial nutriente feit'uma injeção!

Tantas e quantas vezes se perde a mente

permeando bulícios que regam missões,

tão temerosas como aprazíveis e se sente

interferência divina em sutis empurrões?

Não escuta imediatamente o Seu chamado,

sufocada por infinita e humana fraqueza,

mas de repente visita o abismo ao fundo

e sem entender a alm'exulta e se realiza!

Sinto a penumbra me abraçando serena,

fúlgidos magos Mistérios que aquecem

a alma peregrina purificand'a sua pena!

Exacerba plena fé e meus dons crescem!

Meu Deus na luz e na sombra manifesta

seu poder governa os espaços vacilantes,

cuja claridade triunfante à alma empresta

para inflamar as revoadas mais distantes!

O esquecimento vem e enxuga os prantos

e as chagas qu'aquele látego levantaram,

como no sonho nebuloso cheio de ventos

que nuvens gélidas lavaram e dissiparam!

Santos-SP-12/09/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 12/09/2006
Código do texto: T238701