Dois Pontos

Há entre os dois pontos

Que me invento

Tudo que de fato

Existe de intangível

O fogo úmido molhando

Os olhos secos da

Flor nascente

O colírio do incrível

O que crio

Roubo do firmamento

A cor a tingir

O sonho neutro

O mar do amor

No qual me afogo

Tecem, tocam

As mãos de vento

Há entre os dois pontos

Que me invento

A rima, a soma,

O rio, o riso

Guardados, amadurecendo

Há entre os dois pontos

Que me invento

Até o saber da lua e o poder dos ventos

A explosão da vida

E o silencio do silencio

Tudo isso há entre os dois pontos que me invento