A Criança que Pulsa em Mim...

Há uma linda criança dentro de mim,

Com olhos de um azul celeste divino, e hipnótico;

A pele macia, branca, suave,

E um rosto tão fulgente que transpira pureza,

Amor, inocência, e uma curiosidade ávida pela Existência.

Contudo, e sempre há contudos em tudo,

Lágrimas escorrem em brados inauditos de seus olhos,

E uma tristeza hermética, densa, e sombria se dilata de sua pequena alma,

De suas lindas mãos,

De seu coração tão carregado de pensamentos e emoções.

A criança que mora em mim permanece calada,

Enquanto seu olhar confronta e observa minuciosamente

A decadência de meu ser, e de tudo o que as mãos de seus sentimentos

Tocam por todo o Cosmo.

Não consigo mais encarar a criança que habita em mim,

Que caminha pelas ruas fétidas e escuras de minha alma,

E ela chora silenciosamente todos os dias ao afagar quem não sou e o que sou,

E ela sente os gemidos de dores inenarráveis da natureza, e do mundo.

Ouço tantas vezes suas lágrimas colidirem em diversas rochas

Onde sepultei tanto de mim;

Suas pisadinhas correndo pelo labirinto de minha consciência heraclitiana,

Enquanto meus outros “eus” perseguem-na a fim de matá-la de uma vez por todas.

Decapitar, trucidar e carbonizar essa criança: o único ser belo,

Puro, autêntico, vívido, e cheio de fulgor que ainda reside

Em mim.

Até quando ainda resistirá a lírica criança que pulsa em mim?

Gilliard Alves

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 28/07/2010
Código do texto: T2404745
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