Blasfêmia derradeira!

Sepulto em lápide fria toda blasfêmia

Infâmias urdidas no recôndito d’alma

Arte lasciva que me enfraquecia...

Excessiva crueldade que inflama

Jogo em cima da campa marrenta

O escarro que pousaste em meus lábios

Que transformei nesse beijo mascado

Em um girassol de despedida

E, não regressarei jamais...

Menos ainda ofertarei sobre os umbrais

Antes que o último verme se farte!

Deguste e sacie de tua carne moribunda

Cavo com mãos e unhas a cova mais funda

Para que se alojes nesse chão imundo

E ela tão movediça de ódio enfermo

Abrigue a tua carcaça ébria em sordidez

Em fúria tenta tragar-me mais uma vez

Saciar tua sede, gula disfarçada em altivez

Como sangue suga em último adeus

Só a lágrima silente da face escorreu

Mas... Parto viva, em chagas

Que hei de me curar dessa praga

Não verás e nem terás mais entregas

Que dediquei a ti pela estrada

Arfo meu peito tão dilacerado

De mãos vazias, alma cansada

E, caminhos tão cheios...

Mataste as esperanças e possibilidades

Deixo as blasfêmias que recebi como presente

Abandonadas em derradeiro féretro

Suspendo todos os cantos e lamentos

Não rezarei, não velarei, não chorarei

Que se fartem os abutres, os parasitas

Na farra do banquete das tuas entranhas

Estes de réus a vítima sombria

A relembrarem da passagem vadia

Morrerão tão breves, envenenados!

Duo: Sheila Assis e Hildebrando Menezes

Assista ao poema em vídeo:

Blasfêmia derradeira! Duo: Sheila Assis e Hildebrando Menezes

http://www.youtube.com/watch?v=JDfbuvIOh54

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 14/09/2010
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T2497430