Anjos.
Sou o que ninguém quer ser.
Aberração, sangue de barata,
suicida em lata.
Penso, o que não devia.
Faço o que não devia.
É o que dizem.
Mas afora isto,
e além disto,
tenho um coração rodeado,
lotado de confissões,
sem comissão alguma,
muito trabalho, algemado,
a uma carta de Tarô
e a um Terço Bizantino.
Sou um anjo talvez.
Um demônio talvez.
Em meu jardim,
há rosas para Santa Terezinha
e cogumelos para meus Duendes.
Afora isto, sou rodeada,
pessoas vêm,
pessoas vão,
nunca em vão.
Levam tudo,
que podem ou não podem colher.
E não raras vezes,fico atônita,
olho em volta e não há mais nada.
Só um coração teimoso,
que planta tudo de novo,
para a próxima leva.
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