Anjos.

Sou o que ninguém quer ser.

Aberração, sangue de barata,

suicida em lata.

Penso, o que não devia.

Faço o que não devia.

É o que dizem.

Mas afora isto,

e além disto,

tenho um coração rodeado,

lotado de confissões,

sem comissão alguma,

muito trabalho, algemado,

a uma carta de Tarô

e a um Terço Bizantino.

Sou um anjo talvez.

Um demônio talvez.

Em meu jardim,

há rosas para Santa Terezinha

e cogumelos para meus Duendes.

Afora isto, sou rodeada,

pessoas vêm,

pessoas vão,

nunca em vão.

Levam tudo,

que podem ou não podem colher.

E não raras vezes,fico atônita,

olho em volta e não há mais nada.

Só um coração teimoso,

que planta tudo de novo,

para a próxima leva.

l

Regina Martins Vita
Enviado por Regina Martins Vita em 07/10/2010
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