CONTRA-SENSOS

Quando o tronco se agigantou

diante do firmamento

contra a própria raiz blasfemou

imponente e sem sentimento.

Quando o ouro ao palácio chegou

brilhando em seu pedestal

a terra que o produzira, indagou:

o que fazes aqui? Volte ao seu lamaçal!

A seda brilhou na aparência

e na pompa da festa disse à lagarta,

ignorando quem lhe trouxe a existência:

de ti, larva mesquinha, estou farta!

E quando a pérola fulgiu soberana

esquecendo da ostra em que se criara

acusou-a de ingrata e tirana

não querendo mais quem tanto a amara.

E então o arco-íris todo enfeitado

acusou o sol de lhe roubar a luz

orgulhoso, por todos era admirado

blasfemando contra quem ainda o conduz.

E tu, Criatura Humana pensante

inteligente, cientista e diplomado

lembras de tua origem divina e errante?

Dos filhos do Universo és o mais amado.

Rosa Dias
Enviado por Rosa Dias em 05/10/2006
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