ABSTRATA QUIROMANCIA DO ACASO

ABSTRATA QUIROMANCIA

por Juliana S. Valis

Agora quero ler as mãos do acaso

E, caso você tenha um plano,

Ou um projeto de amor sem prazo,

Envie a cópia do sentimento humano,

Rubricada, sem qualquer atraso...

Pois nada mesmo nos impedirá de ler

As linhas da sorte nas mãos do tempo,

De sul a norte, como um sentimento

Que pergunta a todos: será por que

Que o suposto "amor" passa, rápido ou lento,

Pelo vagão do vento sem perceber

A grande dúvida que guarda a alma ?

Leia, na mãos do acaso, o seu trajeto,

E veja se a linha que o afeto escreve

Intercepta o sonho tão de perto

Que você acorda no silêncio breve,

Com a leve impressão de nunca ter dormido...

E bem depois que tudo já se for,

Depois que o tempo passar sem prazo,

Tente se lembrar se era mesmo AMOR

A palavra escrita nas mãos do acaso...

Porque se esse sentimento se foi, como os dias vão,

Ou se sucumbiu a qualquer dor,

Pode ter sido, quem sabe, uma paixão,

Mas provavelmente não foi amor...

Pois o que é amor não explica a mente

E talvez não se decifre nas mãos do acaso,

Mas caso se vá na vida, de repente,

Saiba que não é amor, porque este não tem prazo,

E não tem lógica, mesmo, convincente,

Nem pra nossa mente, nem para o descaso.

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