Corrompido
"Quando o bom poeta
perde a poesia
é porque por motivo algum
se corrompeu...
E o seu espírito em jejum
aos males se rendeu...
E a cura para
poeta corrompido?
Um pôr-do-sol,
um amanhecer,
um ressurgir
das cinzas da madrugada.
Porém, é só o entardecer
que cura uma alma cansada...
E os olhos d'alma voltam
para os olhos do bom poeta,
junto das rimas bem feitas,
palavras perfeitas,
é a hora certa!
E assim ele vê
mais longe e melhor.
Corrompe-se novamente,
mas levado pela
inspiração demente.
Cura-se, mistura-se,
cria e ama...
Inflama poesia em suas veias.
Rompem-se as cordilheiras
do crepúsculo ganancioso...
Agora, seu dom é
coração rochoso...
O poeta é como
o arvoredo viçoso,
que regado com amor
vira um pé garboso...
E seus galhos são fortes,
as raízes bem fixadas
para não se desprenderem
das terras bem tratadas...
É assim seu dom...
jamais perdê-lo-ia
se o fixasse em terras boas
e o plantasse verbalmente
no coração das pessoas..."