O Coliseu de Si

Abre-se o Livro dos Mortos:

“Que as obras de teu coração pesem menos que uma simples pena”;

O círculo de fogo que atavia a cabeça da serpente nas mãos do profeta do Devir.

Das entranhas necrófilas da Volúpia

Gotejava o esperma sorumbático do efêmero,

Evaporando a gleba esquálida em vaginas fônicas de rimas ébrias,

Condensando-se em inequações Bio-Lógicas.

Os clamores do Ab-surdo se afogam no vazio de si,

Trovejando sua dubiedade número-modo-temporal nas cinzas atômicas do Instante.

O soldado acariciava as genitálias dos cadáveres das tropas inimigas,

E Amnon se masturbava compulsivamente ao esgazear sua irmã Tamar ao banhar-se,

Inflando a combustão da inveja e do ciúme,

Enquanto Eros estadeava-se no tabuleiro de xadrez com Tânatos,

Perante os cânticos epiléticos dos xamãs em dialetos inefáveis.

Todavia, as lágrimas de meu filho unigênito in-concebido

Gemiam nos ramos da figueira amaldiçoada pela onisciência de Cristo,

E as pedras poliândricas blasfemaram opróbrios contra a estagnação celestial,

E bradei: _ Apartai-vos de mim vós que sois apenas verbos substantivados e pré-conjugáveis,

Pois sou a Ponte do Purgatório das emoções criptografadas

Até o Limbo liberta-dor dos Impensáveis Pensamentos,

Onde a Escuridão do Mundo brilha no refluxo de meu olhar,

Pois o pitiatismo agudo que trepida em tua alma torporosa

Tantaliza-me a plêiade poético-filosófica das gerações perdidas,

Alimentando-me com as fezes da sapiente Lou-cura do Existir.

Minhas trêmulas mãos me acusam irrevogavelmente,

Meu coração é um universo vazio em labaredas vociferadas,

Pois ninguém ouve os clamores de minhas cicatrizes e chagas,

E mais um automóvel passa in-consciente-mente pela rua,

E “bom-dias” e apertos de mãos são personificados,

E tudo isso se orvalha em imagens ressonantes que con-fundem e confrangem

A estéril fecundidade multifocal de minha intelecção.

Violentar as verdades e os conceitos de todas as formas e proporções,

Cuspir as imagens e os sons alojados nas retinas e na audição,

Vomitar os pensamentos inseridos em minha mente,

E destruir meu próprio mundo subjetivo e objetivo onde me formaram,

A fim de se auto-renascer,

Se auto-desenvolver,

Se auto-explorar,

Se auto-afirmar,

Se auto-construir na crisálida multiforme que sou.

Tornei-me irredutivelmente numa pluralidade de Abismos labirínticos

Aprisionados em um Dédalo de vácuos inseridos num manicômio que se chama existência,

A qual é regida pela Ilusão que por sua vez é controlada pelo Incognoscível.

Onde estão os verdadeiros pontos de Interrogações e Interpelações,

O trans-mundo onde 2 mais 2 são completamente insolúveis,

Ulteriores a toda lógica e ilogismo Matemático e Físico?

Apalpo o vento outonal sussurrante de uma nova aurora acinzentada

Que os braços almejam enlaçar numa unicidade panteísta,

A qual nenhum livro ou cérebro podem descrever e compreender.

O Farol da Noite osculava termodinamicamente a epiderme do mar,

Sob o olhar andrófago e incestuoso do Nada,

Aos rufos de Revérberos aromatizados no Coliseu des-cartesiano da Morte.

Um pouco de paz bélica na alma, suplico-vos.

E Finalmente rendi meu espírito às preces substanciais do Desconhecido, in-determinadamente.

Gilliard Alves Rodrigues

(Dedico esse poema a pessoa mais importante de minha vida: meu irmão Leidivan Alves, junto com minha família a quem sempre decepcionei, mas a quem adoro demais. Te amo muito tambem Zilma Gomes.)

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 03/03/2011
Código do texto: T2826845
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