EU E O OBJECTO

Quando quis te ter me tivestes.

Quando fui a ti, esperavas-me inerte

Porque sabia que eu pararia no teu eu estático.

Dei mil voltas e sempre me esbarrei em ti.

Tive ansiedade para te ter,

Sonhei estar contigo,

Chorei quando te perdi enquanto

Parecias ri e zombar de minha inconstância e temporalidade.

Hei de aprender com o maior grão de areia para

Ficar ao chão, ao léu se vier o soprar do vento

Para ir ser em outro chão...

Quando quis te ter me tivestes.

Usastes-me,

Devorastes-me,

Consumistes-me.

Não sou mais nada:

Nem pó,

Nem barro.

Apenas tu és o que és – a pedra inerte,

O objeto, o ser pelo qual me consumi,

O ser que foi e que é,

Para o qual eu fui e não sou.

Arquelau de Satna
Enviado por Arquelau de Satna em 16/08/2011
Código do texto: T3162592
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