Minha loucura

Minha loucura é lúcida e verdadeira

Bem mais verdadeira que minha lucidez,

Na minha loucura sou eu mesmo

Com todos os meus tantos defeitos

Sem esconder nenhum,

Na minha lucidez, minto quem sou

Como todos mentimos,

Finjo quem sou como todos fingimos.

Na minha loucura

Vejo os homens... vis predadores,

Na minha lucidez os vejo santos.

Na minha loucura

Ouço o grito desesparado dos famintos,

Divído com as mães, as lágrimas

Pelos filhos mortos precocemente.

Na minha loucura o sol não nasce no leste

Nem se põe no oeste,

O sol nasceu apenas uma vez,

Na minha loucura

Os rios precisam ficar vivos, correntes,

Livres, buscando o mar,

Na minha loucura

Deus está bem aí... e ainda triste

Por que a cada dia damos

Uma morte mais cruel para seu filho.

Na minha loucura meu nome é meu nome.

Na minha lucidez

Acho que Deus não está nem aí pra nós.

Que os rios se danem

As águas de hoje não são as mesmas

Com que ele passou ontem. Tem muita água.

Na minha lucidez

Que chorem sozinhos suas lágrimas,

Na minha lucidez

Sou apenas um número descartável,

Uma estatística inviavel.

Na minha lucidez

Sou aquele vaidoso imbecil

Que acha que o universo é só nosso.

Eu? Sou louco sim.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 18/08/2011
Código do texto: T3167342