viagem ao interior dum corpo

Alguém grita a meio da viagem:

- a vida venceu a morte!

Abandonam-se as facas

acendem-se as lâmpadas e a leveza da luz

embriaga

as miragens de flutuantes almas

desabitadas do corpo.

Incendeia-se o fundo brilhante do céu

em multidões de estrelas…

A luz nervosa do néon, aqui, perde-se

no reflexo plúmbeo dos espelhos

e na fímbria das planícies verdejantes.

Inundam o branco desta cidade longínqua

e perdida

gestos cansados.

A vaguear no espaço sem nome

em mágicas espirais o corpo flutua

na ausência da matéria.

Amanhã nascerá da morte outro ser…

em marcha para o infinito

intemporal

o seu olhar meditativo pousará nas frágeis

arestas do tempo.

Luminosa alba arrebatará da terra

as almas

para a travessia do caos em infinito dilúvio

em busca da ordem

após o nada e o princípio.

O olhar, no crepúsculo,

fascinado por celestiais viagens na mítica noite

desbravará as trevas

romperá a escuridão

por entre as fissuras do tempo perdido

sem abandonos nem desolações.

Entre túmulos vazios

evaporar-se-ão as almas em busca de fresca fonte…

no lume invisível da viagem sem regresso

divagarão na profundidade do tempo

que ressuscitará de novo.

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Poema que faz parte do meu livro "Onde os desejos fremem sedentos de ser", sob a chancela da CorposEditora (WordArtFriends)

Alvaro Giesta
Enviado por Alvaro Giesta em 07/09/2011
Reeditado em 28/02/2016
Código do texto: T3205348
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