Entre a Cruz e a Espada
O corpo confronta o espírito,
numa dualidade silenciosa e penitente
espera à ansiedade que me condena
Por acaso, ainda acompanhado me sinto só
sufocado com o desespero a espreita
Não me vale apenas o caminho pedregoso
É preciso água na fonte
Límpida, pura de intenções alheias
Pois já me bastam as unhas sujas de cavar areia
O ouro tão desejado; não me contempla riqueza
Não me compete às mãos...
Deixa! Tenho que contemplar a alva luz
Que outrora existia, Vestir-me-ei com
o pessimismo do futuro que competi,
e se isso for utopia darei um jeito
de transformá-lo em realidade;
Por isso temo; nego a existência que eu mesmo criei
A cruz me foi entregue logo que nasci
Mas é a corda que me alcança
Como se fosse frágil o destino
Em partes, o alvo se desfaz da lança
Enquanto peregrino, nem tão somente
de sombra em sombra.
Danilo Matos
Shauara David