DONA DE MIM

Ausentei-me de mim por um tempo

Não fiz planos, não sonhei

Não travei batalhas, não descansei...

Apenas dormí e acordei

Como um relógio que bate

No compasso do seu tempo.

Quem sou eu?

Mar aberto, tempestade no oceano,

Águas calmas, brisa fresca

Certeza absoluta e completo engano.

Não basto-me a mim,

Arrasto dias e noites com o mesmo peso

Da sentença de um prisioneiro de guerra

Sou arma engatilhada, estopim preparado

Bouquet de flores cheirosas,

ramos de espinhos, com rosas.

Ausento-me de mim mesma

não me reconheço

Não saber de minhas fraquezas,

Ignorar, se as tenho, minhas nobrezas...

Acomodar-me silenciosa no meu leito

Me dou por vencida, holocausto,

Oferenda imolada, palavras miúdas

Arrancadas, culpada de ser eu,

Explicitamente eu,

em verdades e Mentiras,

não uso máscaras, não mascaro meu pensamento,

sou liberdade invisível

Sou pedra, Sou filha do vento.

As vezes norte, outras vezes sul,

Estações que mudam,

muda o tempo, muda o mundo

...e como vendaval,

tempestade Incompreensível, tenebrosa, temível

Redemoinho de dúvidas e emoções

Dissipada, espalhada, esmiuçada,

Desprezada, escondida....

Apenas emoção

sou eu, sou dona de mim, dona de minha razão.