Escadas

Subo degrau por degrau,

Andando até o cume,

Um ritmo maquinal,

Hábito que vira costume.

Existem as retas,

Outras curvas,

Umas altas à beca,

Algumas são banco que se usa.

Podem te levar aos céus com os anjos,

Também ao inferno feito no filme Exorcista,

Escadas infinitas que causam espanto,

Tem aquelas curtinhas que criança brinca.

Quando desejamos alcançar,

Ela está lá, solícita,

Até para se exercitar,

Causa cansaço subir todos os dias.

Quem reside em apartamento,

Sem elevador para socorre,

Aquela escadaria causa sofrimento,

A dos bombeiros nos acode.

As em forma de caracol,

Deixam o sujeito tonto,

Pra alcançar um belo local,

Engenharia de turismo é ponto.

As chamadas rolantes,

Mas também podemos rolar de uma delas,

Quebrando ossos num instante,

Muitas causam fatalidade em pessoa com pressa.

Lavam-nas por festa religiosa,

Causando niágaras de fé,

Levando junto a dor contagiosa,

Motivo de angústia para muito pé.

Devotos as sobem de joelhos,

Dificuldade para cadeirante,

Pra muitos é cotidiano de emprego,

Levam a locais vedados momentos antes.

Adquiri-se portáteis,

Vamos carregando no ombro,

Existem dobráveis,

Modificam o a forma e tamanho.

As de trocar lâmpada em casa,

Parecem um compasso maçônico,

Tem miniatura para decorar a sala,

Motivo de orgulho em monumento arquitetônico.

Prestativa numa biblioteca,

Convidativa ao se explorar um terraço,

A da piscina escorrega,

Umas encontramos somente em pedaços.

Famosas por sentido histórico,

Em relatos de chacinas,

Abrigando indigentes simplórios,

Delimitando em fóruns, hierarquias.

Sanfonada bruta que é obstáculo,

Se é pra cima vale a recompensa,

Todo santo ajuda para baixo,

Difícil transpor que tem certas doenças.

Ver uma deitada parece assumir outra função,

Como barra de exercícios que vemos,

Naqueles parquinhos de recreação,

Vários usos para um mesmo instrumento.

Nos desenhos vira arma engraçada,

Superstição de não passar por baixo delas,

Pode despencar algo na sua cabeça desamparada,

Com um Romeu escala por sua Julieta uma janela.

Um apêndice de nossa altura,

Nos faz ter acesso a pontos outrora inalcançáveis,

“João e o Pé de Feijão” deve ter essa conjuntura,

Existem as que deslizam com rodinhas incontroláveis.

Farmacêuticos se penduram nelas,

Acrobacias em espetáculo de circo,

Carros que as transportam em regra,

Umas tão altas que causam até arrepio.

Precisamos nos fazer escadas,

Para alcançar objetivos,

Escalamos de maneira apropriada,

Assim temos sucesso garantido.

Mas sua forma verticall,

Só garante acessar alto ou baixo,

Subir até o cume ou descer até o abissal,

Todas nos levam a uma apoteose, de fato.

Aquele corrimão que segue,

Nosso apoio de mãos para dar segurança,

Umas sem eles nos deixam entregues,

A qualquer momento despencamos sem esperança.

O escadão marginalizado,

Em periferia se prolifera,

Sob imponente no meio de barracos,

Une comunidades e serve de palco em guerra.

Românticos usam sua forma,

Fazem amor de qualquer jeito,

Uns descem escorregando em dada hora,

Em casas abandonadas causam medo.

Separa cômodos de casas mais faustosas,

Pode até separar classes sociais,

Famílias que se saúdam em raras horas,

Vizinhos que nem trocam olhares.

Resgata vítimas de poços,

Salva animais em risco,

Ajudam em propaganda para o povo,

Declaração de amor em prestígio.

Sejamos escadas para alcançar sonhos,

Também para descer de nosso orgulho,

Para auxiliar a quem amamos,

Conforme nossa vontade de estar no mundo.