No meio da noite

Oh minha consciência

Por que me acusas tanto

E me acordas no meio

Da noite

Privando-me de dormir

Um sono tranqüilo

De uma noite inteira?

O que foi que eu fiz

Oh me diz minha consciência

Para não merecer a paz

Que vejo tanta gente carregar

E sonhar uma vida tranqüila

E nela se realizar?

Oh minha consciência

Por que me machucas

Tantos os olhos

E os deixa ilhados de tristeza

Sem que ache remédios

Capaz de fazê-los sorrir?

Oh, diga por que tenho

Que me levantar na madrugada

E escrever este poema

Que de repente se revela em

Minha mente e me faz acordar

Como se fantasmas estivessem

A dita-lo insistentemente

Ao meu ouvido me obrigando

A acordar para satisfazer

Os seus desejos já não mais

Possíveis por causa de suas

Imaterializações?

Oh minha consciência

O que foi que eu fiz

Para levar a vida que levo

Como uma comida sem sal

Como uma comida sem sabor

Como uma comida estragada

Como uma piada da qual ninguém ri?

Oh, até quanto terei

Que sonhar com uma noite inteira?

Será que não posso dormir

Tranquilamente uma das infinitas

Noites do universo?

Oh minha consciência

Por que colocas dentro do meu sono

Quadro que já não existem mais

E me deixa a dormir intranqüilo

E me faz acordar suado

Renitentemente numa situação contumaz

Tu és a minha consciência

Ou é como dizem

Um encosto próximo de mim?

Sim porque às vezes

Tenho a impressão de te

Ouvir falar tão claramente

Que respondo ainda dormindo

A ti, e ao abri os olhos

Vejo-me sozinho!

Por que não te revelas

Para podermos conversar

E limpar as nossas dividas

E seguimos nosso caminho em paz?

Por que estou cansado

De levantar alta noite

E vagar pela casa

Sem saber o que fazer

Sem saber o porquê

E me banhar e deitar de novo

E de novo acordar...

Oh, o que sejais

Do bem ou do mal

Dá-me um sinal concreto

De tua existência

Se assim o for

E se não

Se isso for mesmo só uma doença,

Oh minha consciência

Indicai-me o caminho

Da cura

Por que lembro

Que já fui criatura

De dormir uma noite bem...

E por que me revelas essas

Faltas de mim tão sabidas

Eu sei que o amor é um sonho

Distante e sem cor

E me preparo para viver

A vida sem esse manjar

Que todos merecem

Mas que a mim mais longe fica

E distante desaparece...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 17/01/2007
Reeditado em 18/01/2007
Código do texto: T350136
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