SOL TRANSCENDENTE

Juliana Valis


Quisera eu que o sol me levasse

E fizesse da minha sombra, sentido,

Transformando cada frívolo impasse

Num mar de luz proibido

Onde o véu perdido do tempo fosse só paisagem





Quisera eu ver, no vento,  a miragem

E sublimar a tristeza no lapso do amanhã

Com a certeza mais lídima nessa viagem

Que se faz entre o vácuo e a estrela mais vã




Quisera, além de tudo, simplesmente não ser

E  fazer do sol apenas réquiens do nada

Percorrendo a estrada que me leva a você

Sem medo, sem dor nesta breve jornada




Mas, de repente, a tristeza cortou minha alma

E me fez ver que o sol é  explosão de sentidos

Entre as emoções de quem nunca se acalma

Entre os vagões dos amores mais proibidos




E, agora, peço apenas ao sol um réquiem de chama

Pra que eu possa ver no tempo a bela paisagem

Que a luz irradia sempre no calor de quem ama

A despeito da cruz que nos perfaz na miragem...




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