NOME REAL

AS PAREDES IMPREGNADAS DO NADA.

O CHEIRO DE TANGERINA NO VENTRE DA CASA.

REVEZAMENTO DE AROMAS E DE SAUDADES.

CHAMAM ISSO DE PASSAGEM, DESCANSO. VIAGEM.

MAS O NOME REAL É MORTE.

NÃO HÁ MOTIVO PARA QUE EU SOLETRE A FELICIDADE.

HAVENDO TANTOS DESPERDICIOS À NOSSA VOLTA.

TUA ALMA DORME EM UMA INSÍGNIA. TEU CORPO SE FOI.

O SILENCIO CONTA SIBILANTE AS SUAS HISTÓRIAS.

A CALÇADA MOSTRA O TEU SORRISO INCONTINENTE..

PISO NELE COMO NAS TECLAS DE UM PIANO.

OUÇO O CANTO FUNEBRE, QUASE UM TANTO SANTO.

ALÉM DA SOMBRA A ESMO, NADA HÁ DE SANTO.

NESTA ESCURIDÃO QUE NOS TANGE E NOS APRISIONA.

É O CAFÉ QUE NOS ABSORVE , SEM PERCEBERMOS.

OS DADOS VÃO PULANDO NO GLOBO DO ACASO.

UM PARAISO. UM PARNASO. UMA SEMIBREVE.

UMA CARRUAGEM RUMANDO AO INCERTO

QUEM ME DERA DESCOLORIR O NOSSO IMENSO ESPANTO.

QUEM ME DERA A LUZ DE UMA EXPLICAÇÃO.

SATISFAZER AS PEDRAS DO FUNDO D E TODOS OS RIOS.

AS ONDAS QUE FORMAM-SE NO ESPELHO VAZIO.

ABSTRAÇÃO, DEFORMAÇÃO E SOLIDÃO.

NÃO HÁ RAZÃO PARA QUE EU SOLETRE A FALTA.

O ENTARDECER JÁ TRAZ UM NOVO AROMA CANSADO.

CAMINHO FURANDO A NOITE COM PERGUNTAS.

OLHO NO RELOGIO OS PONTEIROS CRUZADOS.

UM NOVO CHEIRO DE TANGERINA ME INVADE.

SEMPRE ASSIM A SAUDADE, VINDO DISFARÇADA.

EM VESTES MODERNAS, EM TÚNICAS DE FARAÓS.

ESTA MORTE QUE ME ARDE SE DUPLICA, SE MULTIPLICA.

SEM TEMPO OU SÉCULO PARA IR EMBORA.

POR MENORES

MAURICIO DE AZEVEDO