meias palavras

talvez as minhas palavras

não impressionem a ninguém da banca

por não serem pouco encontradas por aí

ou porque, apesar de serem muito encontradas,

não dizerem o que o pessoal da banca queria ouvir

nunca pensei mesmo

que elas pudessem ter banca,

imaginei que elas pudessem ser brancas,

mas viessem vestidas de vez em quando de preto,

quando eu escrevesse porque a tristeza mandou

palavras que o vento levou – isso eu sabia

que seriam, que eu pudesse colocá-las numa seringa

e jogá-las nas ondas do mar,

pra que não ficasse invejando o The Police’s

“Message in a Bottle”

palavras que se tornassem instantaneamente

uma bíblia pra mim, e um minuto após se dissolvessem,

pra que eu não lembrasse de nada de novo

palavras que nunca chegassem ao povo,

correndo aflito no meio da rua...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 27/05/2012
Código do texto: T3691544
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