Rotatória

O bálsamo que não suaviza

A ferida que não fecha

Sobre nuvens o fogo sacro

De dúvidas a oração ascende

Aos céus a desobrigar faíscas cênicas

Não caberiam no fim de uma lenda fria.

Tudo em si transborda

Pelas páginas enumeradas dos dias

Amarelam vidas cíclicas

Enraizam respingos de argila por todos os poros

Nas faces infindáveis dos cadáveres das obsoletas certezas

Brotam rosas mortas entre frestas

Na alma uma amplidão de céticos

Palavras esmurram portas em vão

Vozes se arvoram a alardear sortes por todos os cantos

- lama, olhos e línguas- secam-se ao sol.

Trocam-se os cadeados, bordam novos enígmas, estilhaçam sofismas,

Violam sepulcros e levam seus vasos

Disfarçam trincheiras com rotos galhos

E as pontes vão ficando para trás

Nem rotas de rodas, nem buzinas

Nenhuma bicicleta, nenhum movimento

Nem pedestres, nem pensamentos

As árvores cresceram indelicadas e os silêncios também.

Jaqueline Serávia
Enviado por Jaqueline Serávia em 17/06/2012
Reeditado em 17/06/2012
Código do texto: T3729245
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