Quem Tu És?

Eu: filho olvidado pela minha mãe meretriz que é a Vida,

Setenta por cento de água, erros e sagrados excrementos;

A fé é a montanha da insanidade e das cognições dos pensamentos,

Que extirpam a alegria da criança ao ser no mundo expelida.

Somos Baratas medíocres em nossos egocentrismos espiritualizados,

E as sombras platônicas em tua caverna interna são os vermes

De teus ambíguos sentimentos que Diógenes ofertou ao deus Hermes,

Que desdenha a paranoia humana ao pensarem que tudo pode ser controlado.

Cronos concebe nossos corpos pré-existentes para depois nos devorarmos

Neste maldito jogo de xadrez em que somos as peças nas mãos do Acaso.

Evitar o Prazer para diminuir a dor e as frustrações é só mais outro atraso,

Embora sempre criemos novas metáforas para o mundo e as coisas embelezarmos.

Eu canto a Ciência que esmaga sem dó as ilusões e os mitos;

Eu celebro a Fé que inunda o homem com vigor e esperança;

Eu louvo a Morte, e as falsas lágrimas nos enterros e os inúteis ritos;

Eu divinizo os imaculados pecados cândidos e curiosos de uma criança.

Ah, que fiasco é essa geração fast-food de idiotas computadorizados:

Geração néscia que não passa de sons mórficos, de cadavéricos ideogramas;

Castra então tua pseudoliberdade para viveres teus conceitos romantizados,

Ou aborte tua autopreservação nesta dualidade entre o que odeias e amas!

Tu tentas enfatizar tua racionalidade perante tuas vontades primitivas?

Buscas a Indiferença, o nonsense, ou a dialética para que possas encontrar

A tão almejada Paz Interior que na realidade vai a cada ensejo te manipular?!

Ou queres historicizar tuas opiniões, odisseias, ou os ideais que não cativas?

Tuas Certezas são belas cicutas melodiosas à beira da estrada...

Teu Júbilo religioso, burguês e epifânico é apenas uma interpretação neural.

Teu Medo brota a psicose, fertiliza as angústias, e assim nasce a Moral,

Que compele a Alma a ingerir tantas convicções, tornando-a presa e atrofiada.

Quem enfim tu és, a fim de que possas afirmar o que não és?

Se tu não consegues confrontar todos os teus abismos capciosos

Como caminharás nos teus oceanos turbulentos com teus próprios pés?

Queima-te pois no gelo árido de teus autoexílios tristes, porém frondosos.

Gilliard Alves

Obs: (Escrito por mim, porém digitado e publicado por minha irmã no RL, devido a minha temporária incapacidade física e ambiental de não poder digitar e publicar este meu filho verbal).

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 03/07/2012
Código do texto: T3757860
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.