Câmara Ardente

Em câmara ardente meu corpo repousa

Da vida estéril que o tempo consumiu,

Alma denegrida por um orgasmo senil

Em que o vigor excêntrico perdeu sua força.

No leito fúnebre a cabeça já não pensa

E os sonhos gangrenaram-se ante os despojos,

Mísera morte que me levou a luz dos olhos

Para um nevoento caos de escuridão intensa.

Resta-me tão somente esse odor nauseabundo

Que debaixo da terra será adubo para um mundo

Em que os vermes proclamam o veredito da injustiça...

Sepultura que será jazigo de pleno sofrimento,

Pois as flores murcharão com o esquecimento

Da última homenagem a uma existência postiça!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 06/08/2012
Código do texto: T3816893
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