Bebi as Estrelas

Bebi as estrelas

e saí ébria a rabiscar o mundo.

Cambaleio nos versos dela

Fico em seus rabiscos inebriado.

Entornada em pranto líquido,

a minha face

Enrubesço assim comovido

Querendo logo o enlace

O vento acariciava,

os meus cabelos

de repente,

transformados

feriram as pontas dos dedos.

Que dela já se pré-anunciava

Arrepios dos pés ao cerebelo

Diante do encanto que salva...

Sinto seu misterioso espanto

Viajei na madrugada,

libertei os meus fantasmas,

e encontrei

a magia das mandrágoras,

e quando cortei

as dores pela raiz,

mais alto chorei.

Vim para enxugar as tuas lágrimas

E ver florescer o teu belo sorriso

Já liberta do medo e dos entraves

Preparada para o terno abraço

Aliviá-la e acolhe-la em beijos

Para no meu colo adormecê-la

Com carícias e cantigas de ninar.

Jogada em leitos

de rios de quimeras,

sou afluente de tudo,

é aí que me encontro.

Quero em ti colar meu peito.

Porque minha natureza a espera

Para saciar a tua seca sede

De ternura e sonhos de amor

Devoro as flores

antes dos frutos.

Sou ave,

e aspiro o pólen,

e sorvo o néctar.

Meus dedos ávidos

Buscam pelos teus segredos

Quero sentir seus lábios de mel

Adornar essas tuas penas

E levitarmos juntos aos céus

E dos gritos doridos

eu preencho

os meus ouvidos internos.

Sussurrar-lhe pelos tímpanos

A música composta no meu íntimo

Dissipando todas as tuas tristezas

Dúvidas, temores e incertezas.

E nas línguas de fogo

do lirismo,

eu me queimo.

Vou amalgamado de fio a pavio

Ao calor efusivo do seu poema

Ancorado e feliz ao teu navio

Para ouvi-la dizer-me...

Bebi as estrelas!

Duo: Maria Flor e Hildebrando Menezes

Navegando Amor e Maria Flor
Enviado por Navegando Amor em 14/10/2012
Reeditado em 14/10/2012
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