A estranha

Os dias são estranhos nessa cidade

Nada está ao alcance das mãos que sangram

Cegas pela escuridão arcaica do quarto abandonado a eras

Grandes morcegos confabulam no porão, aguardando que abram-se as portas do inferno.

Não há mais nada no inferno, apenas restos de orações muito antigas, húmidas e cheias de clemências.

O lugar tornou-se inóspito, tanto quanto os corações de tantas gentes.

Formigas formam uma fila indiana até a porta da cozinha, levando como reféns os jovens gafanhotos.

O tempo passa velho e arrastado, como um caracol portando futuros labirintos.

Os pássaros partirão, deixando abertas suas gaiolas frias e anarquistas, engolidas pela escuridão de uma noite qualquer, nessa cidade estranha, nessas horas estranhas, nesses dias estranhos que fazem parte de mim.

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 09/11/2012
Reeditado em 09/11/2012
Código do texto: T3977144
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