Quatro paredes

Foram quatro as paredes.

A primeira sonhei,

Furei, passei, desmantelei,

Fantasiei, enfeitei,

Sambando no berço,

Imaginando o colo,

Bailando a vida.

A segunda ergui,

De olhos abertos,

De coração puro,

Derramando sangue,

Suando o espírito,

Conquistando o céu.

A terceira encontrei,

No cotidiano normal,

No conforto do hábito,

Nas voltas da roda,

Nos cinzas do plano,

Do plácido horizonte.

A quarta me avisou

Do quarto aparecido

Quando menos esperado,

Na terra boa deitado,

No descanso cobiçado

Do tempo parado.