Milagre?
E eu te disse,
Meu adorável esposo,
Por conhecer a tua fé:
"Vais orar no templo,
Tu escolhes,
De joelho ou de pé.
Fazes teu pedido
Diante da estátua,
E ora durante
Toda a madrugada.
Espera a aurora,
Com tuas mãos dispostas."
E para lá tu fosses,
Sem a mínima hesitação,
Ajoelhaste diante da estátua
E oraste com devoção,
Fizeste teu pedido quando, concomitante,
Caía uma lágrima.
Na aurora, tu ergueste as mãos
E eu, escondida,
Por detrás da divina escultura,
Mudei o tom de voz e falei:
"Mortal, me escuta!
Atenderei tuas orações!
Mas, para isso,
Tens de comer essa fruta!"
E tu, de cabeça baixa,
Recebeste minha oferenda,
E, soluçando de emoção,
Comeste-a, revigorando teu coração.
Disseste-me, meses mais tarde,
Que teu pedido foi realizado.
Portanto pergunto-te:
"De quem foi o milagre?"
E tu me respondeste:
"Mas que me importa a verdade?"
Foste ao Templo
E agradeceste à divindade...