Milagre?

E eu te disse,

Meu adorável esposo,

Por conhecer a tua fé:

"Vais orar no templo,

Tu escolhes,

De joelho ou de pé.

Fazes teu pedido

Diante da estátua,

E ora durante

Toda a madrugada.

Espera a aurora,

Com tuas mãos dispostas."

E para lá tu fosses,

Sem a mínima hesitação,

Ajoelhaste diante da estátua

E oraste com devoção,

Fizeste teu pedido quando, concomitante,

Caía uma lágrima.

Na aurora, tu ergueste as mãos

E eu, escondida,

Por detrás da divina escultura,

Mudei o tom de voz e falei:

"Mortal, me escuta!

Atenderei tuas orações!

Mas, para isso,

Tens de comer essa fruta!"

E tu, de cabeça baixa,

Recebeste minha oferenda,

E, soluçando de emoção,

Comeste-a, revigorando teu coração.

Disseste-me, meses mais tarde,

Que teu pedido foi realizado.

Portanto pergunto-te:

"De quem foi o milagre?"

E tu me respondeste:

"Mas que me importa a verdade?"

Foste ao Templo

E agradeceste à divindade...

André Espínola
Enviado por André Espínola em 17/03/2007
Reeditado em 17/03/2007
Código do texto: T415941
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