a bruma e o poeta
Busquei nos olhos teus a inconstância do meu ser
E na busca do meu eu, eu te descobri em mim
E na vã tentativa antes de ver-me cabo ao fim
Eu pensei ser meu o que habitava todo teu ser.
E o que habitava todo teu ser, nem ao menos me feriu
O que eu cria ser amor, e como fogo evanesceu
Se foi como o vento, e como a água me envolveu
E tu, singela, resguardada e complacente me sorriu.
Fugiu, amada, como o tempo que me consome
A galope como o puro-sangue que cavalgava
Nas tardes quentes e que se iam como a lava
Transcorrente e suave como o canta o teu nome.
Mas tu amada, não mostra que eu não te amei
Porque a chama do fogo, com chama se apaga
E mesmo no leito de minha árdua jornada
Esconjuro e juro que por ti até ao inferno andei.