VERSOS ÉBRIOS

Olhos lânguidos de infrenes e cálidas esperanças

Rebentam na taça em que bebo os aniquilamentos

Efêmeros do vácuo que são esses meus sentimentos,

Dos vácuos quebrados que são minhas lembranças.

Irmãos afastados, filhos depressivos, pais decepcionados;

Bebo doses de fé, e sinto a garganta me queimando por dentro;

Não quero mais pensar e nada ver: o medo é o nosso centro

Neste corpo _ hospedaria de vermes e de narcisistas viciados.

Os edifícios, os postes, os semblantes de tudo estão distorcidos,

Nossos sonhos são inversões ornamentadas por torpes afigurações.

O coração guerreia contra si mesmo, mas sempre acaba vencido

Por suas trêmulas realidades epiléticas e esculpidas por reais ilusões,

Os passos ébrios e entediados de caminhar por rostos e becos fingidos,

A vida é uma garrafa quebrada onde idealizamos nossas vis pretensões.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 04/09/2013
Reeditado em 04/09/2013
Código do texto: T4466586
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