Poética pintura

Sílabas em abstração vivem no poeta em átimos de tempo

Visão num espectro de frequências luminosas

Há muito mais que isso:

O ultravioleta, o infravermelho, os raios x e gama

Quiçá a astronômica matéria escura

Num prisma espiritual decanta-se o que o visual mostra

O poeta enxerga tudo diferente, emana singularidade

Tem a licença poética para captar o que lhe é necessário

Uma mulher pode ser matéria poética sem saber, sem notar

Sem se dar conta, pode ser-lhe o único bem num dia ruim

Quando tudo são flores, dentre elas, é a musa a mais bela

E o poema pode ter uma paleta de manifestações sensoriais

Matizes, nuances, gradações, luminosidade, temperatura

Aromas, sonoridade, delineios na plasticidade verbal

O pincel das letras, a tintura semântica, a tela semiótica

As curvas da mulher se desenvolvem no manejo frasal

Estrofes se seguem, como a alternar o foco anatômico

Os maneirismos dela evocam interpretação literária

Transformação da contemplação pela versificação

Cai um véu, despe-se o manancial da inspiração

As mãos imaginadas ganham amplitude de ação

Face a face, já os olhos são insuficientes

Um ser tão vasto e misterioso, tateado em Poesia

Flertando mutuamente, num instante quase hipnótico

Pode um poema já ser lido enquanto é gerado

Sem papel, formatação, tinta, ou mesmo esboço prévio

Mas corpo, alma e coração convertidos instantaneamente

São relativos a extensão e o tamanho, densidade é tudo

E nessas percepções poéticas, tudo é intensidade.

Augusto Matos
Enviado por Augusto Matos em 23/09/2013
Código do texto: T4495184
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