PERMITO-ME

Aprendi com a primavera, sem descaso,

a me deixar cortar, perdendo as folhas:

mesmo ficando com esses olhos rasos

aceito as consequências das escolhas

Inútil é insistir ser flor num vaso

que presta a sufocar nossas raízes

entenda, não foi obra do acaso;

eu tenho consciência dos deslizes

Assim, me deixo ir pelas estações

outono invernos e também verões

como se fossem, sempre, as primeiras

Sempre fiel às minhas emoções

permito-me provar das sensações

gozosas de quem sempre volta inteira

PERMITO-ME - Lena Ferreira - out.13