Albina Franzina

Vi uma história cega e estranha.

Estava correndo por detrás da casa;

Era albina, menina, mufina, franzina

E se escondia atrás do sol;

Olhos brancos, cara de segredo,

Mas era contada à força.

Sem forma, solitária e vazia,

Se parecia com nada.

Os homens fugiam dela

Como o diabo da cruz; não faziam jus.

Ela os perseguia, noite e dia;

Eles fechavam os olhos e a viam,

Tapavam a cara descaradamente,

Se voltavam, corriam,

Ela lhes mordiam os calcanhares;

Então eles ficavam de frente.

Bufavam, rangiam os dentes...

Seus espíritos sangravam veementemente;

Até se pareciam com gente.

A história era monstrusosa,

Tinha patas de quimera maldita;

Porém, deixava rastros de fada do dente.

Musa sanguinolenta

Que beija a boca dos sábios

E, a cabeça dos tolos, arrebenta.

Ninguém queria contá-la.

Desfigurados, desfalescidos,

Abandonados à própria sorte,

Pela hora da morte,

Eram obrigados a encará-la.

A famigerada, inconsequente e necessária.

Verdade da gente.

C. M.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 31/10/2013
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