Grão de Areia
Falo de coisas distintas e que não precisam de palavras,
De silêncio,
De canto de folha deslizando na rama,
De miudezas que causam tremores!
Falo da beleza que é morta a toda hora,
Em sementes podadas antes mesmo de respirar...
Do espiro da traseira vaga-lumosa de um vaga-lume
No espiro de um suspiro de natureza intransponível!
Formas de notória beleza borrifada de beleza virgem!
Aprisionado em palavras,
Cá esta o viajante noturno
Em sua demanda de honrarias
Falando, e falando de coisas-Animal Pensante!
O pensar é dom humano,
E sua tortura homônima
Seu pé e sua planta,
Erva daninha a ser podada
Se podando transformando-se em palavras
Assim purga-se o poeta de seus tormentos!
Quero a paciência contida nas pedras,
Que esperam a fragmentação dos ventos e mares,
Para ser grão de areia
E viajar como grão de areia
É a calma do crocodilo.
E a calma da boca da fera,
Á espreita de seus próprios dentes...