Além do Horizonte...

Se eu tiver que morrer amanhã,

Que eu sinta a brisa me bater às asas.

Trazendo-me a paz necessária para eu alçar voo.

Que eu enxergue os pequenos raios entre as nuvens,

Prontos a iluminar, sem queimar-me.

Que eu sorria, ao menor sinal de tranquilidade.

Que eu seja capaz de reconhecer

Tudo o que me eleva enquanto espírito.

Que eu espiritualize, deslize...

Que eu rodopie, de mãos dadas,

A quem vier me buscar.

Que eu saiba voltar.

Sem medo.

Ou com uma pitadinha dele, a fortalecer.

Que o sol brilhe, com chuva a lavar.

Num misto de tristeza e alegria.

Numa calmaria de arco-íris.

Para que eu ouça, lá do outro lado.

Que minhas poesias, prosas estejam estendidas no varal,

Na entrada do céu.

Para os visitantes.

E os conhecidos, também.

Que o amor me guie.

Mesmo que, um dia, eu perca a visão.

Que o ecoar das coisas boas

Ressone em meus tímpanos.

E além deles, na alma.

Que faça vibrar os alvéolos e capilares.

Que me faça dançar, em meio às nuvens.

E que eu as pule, uma a uma.

Como amarelinha.

Com um chinelo de dedo na mão...

E o outro no dez.

Pulando o inferno.

Para chegar ao céu.

Se eu tiver que morrer amanhã,

Que eu seja capaz de compreender

Que o tempo aqui vivido

Foi estipulado por Deus.

Por Deus e por mim, antes de voltar.

Antes de viver tudo, tudo...

E que aceite o final do ciclo,

Metamorfoseando-me para recomeçar tudo de novo.

Numa nova existência.

Com fisionomia diferente ou idêntica a essa que lhe escreve.

Se eu tiver que morrer amanhã,

Que eu feche os olhos, aqui,

E os abra lá, além do horizonte.

Assim.

Sem mais delongas.

Sem muitos obstáculos.

Sem muitos grilos.

Apenas flutuando, de mãos dadas com alguém.

Para que eu não me perca ou caia.

Caso eu não saiba o caminho.

Caso não esteja familiarizada com as mudanças...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 02/11/2013
Código do texto: T4552823
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