MAR CALADO DO CRIADO

O criado mudo guarda minhas falas

Escritas estão gritando belas palavras

Fantasias servidas na bandeja da gaveta

Ao lado da cama onde dormem meus sonhos

Na escuridão a luz do abajur é meu farol

...Em noites de insônia e inspiração

Sobre o papel flutuam as letras do diário

Relicário de historias as vezes vividas

O sono chega como porto seguro, apago o farol

Abre-se a gaveta donde gritam as palavras em laudas

Descanso meus instrumentos caneta e papel rabiscado

Embrenho-me na escuridão dos olhos fechados

Escuto o saltar dos versos em meio ao silêncio

Cardumes que flutuam no mar calado do criado.