Das coisas eternas

Canto meus passos,

sob arcadas de flores.

Canto também os espinhos.

Sou um ser em viagem

entre o riso e a dor.

Protesto a dor com meus lírios,

meu anseio de trigo,

meu hábito incolor...

Recebo a alegria

com a aurora

do meu ser em esperança

e palavra que enlace

minha cidadela de amor.

Quando me sinto em des-proteção

na noite dos grandes ventos,

minha alma é meu lume,

meu cajado no silêncio...

Percebo,

amo e me encerro

na música das minhas

e das tuas mãos.

Sou outono também,

e quando vier, inexorável, o inverno,

e formos um para o outro

pungente e onírica visão,

que em nós permaneça

esse aroma eterno,

incensando esses versos que nascem

do templo do coração.

(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 29/04/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T468781
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