Homem timer

Nascituro temporário

contemporâneo, visionário

Nasce pra morrer

com gosto de adeus na boca

Cresce forte como relógio

Que marca passo a passo

No descompasso do rio que a vida levou

Mais um dia, todo dia

tenta das nuvens escolhidas

Congelar a forma que o cativou

Como se a fantasia despida fora dissolvida

com a morte do sonho que sonhou

A corda estipulada

dá prazos à efêmera alegria

Acorda toda manhã

vã tentativa

em subornar felicidade vitalícia

É perícia arguta toda labuta

Que tanto ao homem infama

Tão logo diz a si mesmo

Ser o que ama

Vai, retém a escapada do tempo

Como reténs o ar a ti não pertencente

Não olhes retratos cegos

Segue, disfarça-te de ti mesmo

Antes que te percebas carente

Luz reluzente,

última empreitada

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 04/09/2005
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