O último D(d)eus
um ser maior
sem alma
num mundo desalmado
definha e corrói
observando o vazio
e grandeza
do nada absoluto.
eu, o último
um rei sem coroa,
rainha e súditos
altivo em sua dor
onírica
enfadado de
percepção,
embriagado
de solidão,
pra onde
foi todo mundo?
as almas vagueiam
cochicham
sorriem e
sofrem,
tão engraçadinhas
e tão inúteis
e tão ocas
não existe mais nada
aqui,
todo êxtase já se foi,
saudosos dionísio
e baco
ou qualquer outro
nome
pelo qual os conheça
fazem falta
uma falta
abissal.
bons tempos aqueles,
mas os divertidos
se foram
e resta esse purgatório
ridículo de antas,
será que alguém
salva?
ofereço uma moeda
de ouro a Caronte
e o desgraçado não aceita
me deixando pra trás,
serei eu tão ruim
ou tão bom
para que me recusem
o descanso final?
então que se foda
vou descer
e me juntar
aos engraçados
e ocos
inúteis
desse inferno
que ainda devem
ter algo
a me oferecer.