A PRAIA E O CEMITÉRIO.

A PRAIA E O CIMITÉRIO.

A praia bem perto dali.

Lembra-nos outra em Bali.

Por vezes me sinto em Miami.

Surfando uma Tsunami.

Na costa da Indonésia.

Por sobre corpos e lama.

Adormeço no paraíso.

Acordo no inferno de Dante.

Um céu verde-azulado.

Nos da um mar radiante.

No ar um cheiro de morte.

Na boca o gosto do ranço.

O vôo do fura-bucho.

Mistura-se ao pálido rosto.

No meio do lodaçal.

Entre a lua e o sol.

Ao lado a bela estrangeira.

Chafurda morta na areia.

Estou tomando cerveja.

Na linda praia de Santos.

Do outro lado, a ilha.

Explode aqui nos meus sonhos

Quebrando a onda na pedra.

Enquanto o sol se esconde.

Um homem caminha feliz.

Nas ruas do cemitério.

No paraíso sinistro.

È seu inferno esotérico.

A praia bem perto dali.

Teima em não explodir.

E vi a á água chegar.

Levando com ela o espanto.

E o inferno de Dante.

Agora era acalanto.

A música triste e fúnebre.

Marola meu desencanto.

Alguns, nesse emaranhado.

Ficam atrelados ao pânico.

Não vê o sol das estrelas.

Não houve seu próprio choro.

Acuado em seu bote.

De mãos dadas com a morte.

Por vezes não durmo direito.

Não sei nem mesmo por que.

Pensamentos e coisas absurdas.

Nem posso contar a você.

Pois tenho o rádio no peito.

E o coração de tv.

Imenso iceberg degela.

A camada de ozônio singela.

Não proteje teus ais.

Provoca tumores fatais.

Não sei se eu tomo sorvete.

Ou morro como meu pai.

O medo é um tiro no peito.

E quem recebe atira.

No meio da imensidão.

No irreal dessa vida.

No centro do universo.

Está a nossa ferida.

Um homem caminha feliz.

Nas ruas do cemitério...

(Aos meus pais)

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 16/05/2007
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T489073