DESENCANTANDO O TEMPO

Preciso desencantar essas laranjas

que jazem na cesta esquecidas

fazê-las retornar à vida

à árvore

à semente

à flor

Preciso desencantar as paredes silenciosas

cobrir a mesa

com a toalha de renda

da novidade repentina

E também o Tempo...

que te rouba de mim!

Desencantado o Tempo

passarás novamente diante de meus olhos

montado no teu alado corcel

Gira o carrossel!

Desencantado o Tempo

nossas vidas saltam do ontem

intactas

recém-nascidas

e o Amor seria apenas

aquela promessa

ainda por cumprir...

Desencantado o Tempo

das laranjas sem vida

natureza morta

sonharia frondosas laranjeiras

logo mais florescendo

em novos setembros

de inesperadas primaveras

branca a flor com gosto de mel

Gira o carrossel!