O Enforcado
Os dois estávamos, eu e Aleph,
na vã certeza minha da alquimia.
O Mago sobre a Mesa dispôs ingredientes
manipuláveis
e ofereceu-me tudo conforme a mim cabia.
- Então é isto apenas? -, indaguei-lhe às pressas.
- Bem mais que isto, cego louco! Bem mais que isto...
- Eu sou Shin, o doido,
a tiracolo, o Cão! -
eu disse e a não dar-lhe mais ouvidos.
Mas logo a Massa de febris vapores
- que a mim presenteara a Mesa farta -
cercou-se de brumas como assim previra
o Adivinho.
E da mistura fértil que se oferecia
- sementes de ouro (bruta gestação da vida!) –
forjei com bronze o cálice da Vida
a degustar o lodo no lugar do vinho...
E eu vi Lamed – algoz dos enforcados –
a descer os montes escarpados
atar-me pelos pés, cabeça para baixo.
- Então é isto e tudo é já previsto? -,
voltando-me a Lamed que se apresentara.
Mas o carrasco, em sua infinitude clara:
- Bem mais que isto, cego louco! Bem mais que isto...