Conflitos da Vida e da Alma

No reflexo de meu olhar Deus sopra a minha irrealidade,

Uma vida amaldiçoada, tão divina e limitada;

Como os mártires apedrejados por bradar a verdade EU SOU;

Onde está um ato de perdão? Só há em nossas vidas o espetáculo

Da dor em nossos sorrisos, amigos e festas,

Até as pedras são mais humanas do que essa religiosa civilização.

As luzes do destino não querem mais se levantar nas searas de tua ciência,

Labaredas do ódio ardem através dos séculos em teu peito,

Perdido em tua própria escuridão, buscas encontrar um amor,

Mas o amor é o desejo brotado em teus olhos cegos.

Os conflitos da vida são o nosso pão nosso de cada dia,

A morte restringe todas as portas,

E estrangula qualquer sabedoria ao pé de tua sepultura adâmica;

O amor é o nosso paradoxo infernal,

O ódio é uma borboleta faminta em nossas crisálidas dilaceradas,

Nesse silêncio mascarado de vergonha nós caminhamos,

E brincamos que somos filhos de Deus ou do Diabo.

Crianças com uniformes nazistas correndo pelas ruas,

Botas e tênis de soldados fanáticos dirigem os pés de nossos filhos;

As mães mostram o sofrimento de nossas derrotas,

Enquanto cada pai está de joelhos fingindo que ainda sabem amar.

Liberdade não é existir como um vento a espalhar poeira sobre as casas,

Há um alívio a nos banhar que lacrimeja de nossas crenças?

Há um medicamento contra os pensamentos em querer ser ou não-ser algo ou alguém?

Há algum coração humano que realmente saiba o que é pulsar?

Nenhuma mudança é permanente,

Tua força renascerá como uma luz incandescente no meio do nada?

Tu és o templo de ti mesmo?

Tu és o estupendo retrato pintado pelas mãos da sociedade?

Tu és o fantoche de teus sentimentos que dizes compreender?

E o sol nascerá além de nossos braços e de nossa fragilidade,

O amanhecer romperá com os grilhões das batalhas que tu fugiste?

Olhe nos olhos de teus piores inimigos: eles rugem em ti e ao teu redor.

E existe o chicote da mágoa à proporção que buscamos entender o que não somos.

Mesmo que seja por um momento efêmero,

Fingimos que a felicidade é um hóspede eterno dentro de nosso próprio ser;

Não resistiremos à tempestade de antíteses que afogam nossas mentes todos os dias.

Ainda há esperança para os fracos e ricos de espírito?

O medo é o pai de todas as nossas invenções, infernos e criações;

Não sucumba diante do entorpecimento de tua piedade preconceituosa,

A dor aguda da derrota poderá fortalecer o rufar de teu coração.

Pegue o teu ódio e teus traumas e decepe essa tua inércia,

desembainhe a tua espada antes que o dia acorde com seus demônios ancestrais e cotidianos.

Um coração de leão é lapidado através da dor e no seio do silêncio;

O descontentamento que escondes não germinará o fruto de tua aurora.

Vista logo o uniforme de tuas glórias e de tua morte:

Estás contente com quem tu és e com o que sabes?

Alguém pode escutar e estender a mão para tuas lágrimas caídas?

Você está pronto para morrer se fosse AGORA?

Nós, os condenados, somos estuprados e espancados,

Mas gostamos de estender a outra face a quem nos manipula,

Fomos deixados para morrer nesse deserto de ecos e de figuras paternas;

Nós fomos deixados livres e condenados por conta própria?

A saudade, perdida do lar cuja a alma suspira em encontrar, ainda existe?

Na glória nós cavalgaremos para além dos vales do paraíso eterno?

Nós somos um outro sonho escrito com o sangue de nossos delírios?

Nós somos apenas novos personagens que apenas lutam

Por suas próprias vidas e que pensam conhecer a aflição alheia?

Nos olhos de Deus eu me sinto despido, invadido, e desolado;

Nos braços de Deus eu encontro os meus fétidos pecados,

No sangue de Deus eu contemplo as guerras entre minha razão e minha fé,

No perdão de Deus eu me encontro confuso e sozinho com meu egoísmo.

Morrer, meu Deus! Morrer é tão banal quanto lutar por viver?!!

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 29/11/2014
Reeditado em 30/11/2014
Código do texto: T5053216
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