Aos traidores
"Como podem afirmar ser a vida um poço de ilusão?
Como podem enaltecê-la com o brilho de sofreguidão?
Como podem louvá-la como um nada pagão?
Como podem buscá-la na dor, desamor, então?
Para procurar o inexplicável, nas entranhas próprias
o ser humano não é capaz;
Para desejar que sejam verdadeiros seu dogmas,
o ser humano por merecer não o faz.
Não busca sentido algum na própria existência eloqüente.
Torna a vida um caminho comum, um destino incoerente.
Mal sabe que alguém deu-lhe um tapa nas costas e de
mãos postas fê-lo repetir: Serei fiel ao que a dignidade encerra, fazendo puro céu a vida que palpita na Terra!
E hoje pergunta-se o ser humano: Por que mandaste desgraças ao invés de amor? Por que não apareces agora, ó Deus castigador?
Pobre coitado! Esquecestes da promessa perante as mãos do Ancião;
E tu mesmo, humano desgraçado, perece do próprio mal chamado traição..."