DUAS PARADAS.
DUAS PARADAS.
Milhões de seres desfilam.
Ao som de tons variados.
Alguns carregam na prece.
A ave Maria inconteste
Na outra o barulho e o som.
Define a cor do batom.
A fè remove montanhas.
Sò não remove ilusão.
Ao cego dà-se a bengala.
Ao sujo, água e sabão.
Ao aleijado a muleta.
E ao esfomeado o pão.
Se eu pudesse ofertar.
Cinqüenta por cento de mim.
Salvar a vida daquele.
Que a morte leva por fim.
Na sua pele doeu, dizes?
Antes ele do que eu!
A praça è do povo.
Como o cèu è do condor
Teu filho tem pai e mãe.
A do outro chora a pifia
Duas mães entre seu filho.
Trocam beijos e caricia.
Teu terço è infinito.
E teus pecados também.
A cara no teu espelho.
Deixa o reflexo refem.
A bolha que racha teu pè.
Nasce no dele também.
De cima desse balão.
"Duas paradas" me cisma.
Pois uma è da familia.
A outra não tem nem rima.
Se uma não tem moral.
A outra não tem latrina.
Um padre molesta a criança.
Na frente do sacristão.
Que guarda imenso segredo.
No meio da multidão.
Duas mulheres se beijam.
E dois homens dão-se as mãos.
Marchem as suas idéias.
Não murchem a outra ilusão.
Todo o sentido da vida.
Está na total emoção.
O deus que eu tenho no peito.
Garregas no coração.