DUAS PARADAS.

DUAS PARADAS.

Milhões de seres desfilam.

Ao som de tons variados.

Alguns carregam na prece.

A ave Maria inconteste

Na outra o barulho e o som.

Define a cor do batom.

A fè remove montanhas.

Sò não remove ilusão.

Ao cego dà-se a bengala.

Ao sujo, água e sabão.

Ao aleijado a muleta.

E ao esfomeado o pão.

Se eu pudesse ofertar.

Cinqüenta por cento de mim.

Salvar a vida daquele.

Que a morte leva por fim.

Na sua pele doeu, dizes?

Antes ele do que eu!

A praça è do povo.

Como o cèu è do condor

Teu filho tem pai e mãe.

A do outro chora a pifia

Duas mães entre seu filho.

Trocam beijos e caricia.

Teu terço è infinito.

E teus pecados também.

A cara no teu espelho.

Deixa o reflexo refem.

A bolha que racha teu pè.

Nasce no dele também.

De cima desse balão.

"Duas paradas" me cisma.

Pois uma è da familia.

A outra não tem nem rima.

Se uma não tem moral.

A outra não tem latrina.

Um padre molesta a criança.

Na frente do sacristão.

Que guarda imenso segredo.

No meio da multidão.

Duas mulheres se beijam.

E dois homens dão-se as mãos.

Marchem as suas idéias.

Não murchem a outra ilusão.

Todo o sentido da vida.

Está na total emoção.

O deus que eu tenho no peito.

Garregas no coração.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 11/06/2007
Reeditado em 27/02/2021
Código do texto: T522812
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