Tu, que eras fonte

Tu, que eras fonte

e que de copo em copo d'água

mataste a sede dos desesperados,

dos fora do tempo da alma,

Tu, que eras fonte submissa

à lei das inocências,

reservando para ti

o leito das pedras para repousar a cabeça,

tu, que me habitas, porque te habito eternamente,

olhai sobre esse jardim seco, as pétalas murchas,

o óleo essencial que escoou para tão longe,

contigo, entre as névoas divinas.

Olhai por um minuto, nada mais,

e vêde que se abriu o chão

aqui, dentro do meu coração,

para ali semear tuas estrelas

até que o infinito as desperte

na lenta, gradual noite celeste

onde brilha a tua paz.