AS ARMAS DA ALMA

É tempo de primavera

já muito perto do Verão

venha ele, quem me dera,

p’ ra alegrar meu coração.

O tempo está enfadonho

e às vezes envergonhado

meu horizonte é tristonho

de um verniz assolapado.

Meio mundo anda perdido

em busca dum sol doirado

outro meio desiludido

e com rumo ignorado.

Todos procuram deveras

alguma sorte encontrar

sejam sonhos ou quimeras

com certeza irão lograr.

Há gente a viver carpindo

sem ter fortuna nem teto

muitos na estrada pedindo

que haja calor e um afecto.

É triste estar de abalada

como adulto ou criança

há que fazer madrugada

com os olhos da esperança.

Há por certo horas amargas

num desafio qualquer

porém terá vistas largas

quem à luta se fizer.

Nunca julguemos ser tarde

em todo o mero confronto

com honra e com alarde

d’ alma façamos apronto.

Não há ninguém que não tenha

um qualquer ponto à deriva

mas luz d’ alma que lhe venha

mostrar-lhe-á alternativa.

Todo o viandante conhece

o estranho solo que pisa

daí que nunca esmorece

quando este se desliza.

Quem, humano e confiante,

tiver fresca sua memória

sabe que, com fiel garante,

dos fracos não reza a história!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/06/2007
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