Eis o homem

Acusa-me de não ter estilo definido.

Com injustiça desumana, nega a minha unidade.

Pois bem, refuto de pronto a tua afirmativa,

e tentarei explicar-me.

Atente para o que escrevo.

O que escrevo é o que sinto, é o que sou.

Sou um vulcão de sentimentos,

gosto do agradável gosto, e também,

com não raras exceções, do mau gosto.

Sinto alegria, frio e calor, tristeza, presença,

raiva, ausência e amor.

E para não mais delongar-me e acabar

irritando o meu querido leitor, digo a você,

desagradável amigo, que tipo de gente sou:

sou, na verdade, todas as emoções

confundidas dentro de um liquidificador.