VIDA AFLITA

Os mortos se riem da gente.

Um lépido espectro falou-me:

Porque sofrer? A passagem

Não se sente.

-Não me deixe ir.

-Dizia Concita, à vida, aflita.

-Apesar dos muitos pesares,

Vivo feliz esta existência dorida.

-Todavia, parta contente.

Por certo, outros sofrerão

Mais a frente.

Surpresa, será o teu fim,

Mas, se não for assim,

Que tanto cá como lá,

Tu não reclames de mim.

A vida já te finda a vida.

Então, despede-se e não

Te furtes de uma suicida partida.

Jaz sem, a ninguém, deixar saudade,

Insalubre criatura, morre cedo e já vai tarde.

De único consolo, terás a dormência;

A inexistência é a ausência

Completa de consciência.

Elton Diniz Pacheco
Enviado por Elton Diniz Pacheco em 21/06/2007
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