REFLEXO IRREPTÍVEL

O cinzel corporal que esculpi a sombra

e talha a ilusão peregrina na planície.

Mascarada em asfalto, como melodia sobreposta

pelo pó inconsciente.

Move rebelde alheio a órbitas

no metafórico chão do tempo.

Ocupa o espaço do som, absorve

o silêncio que o vácuo fortuito imita

a ausência da alma.

Repete para se disfarçar completamente.

Mapeia em si mesmo o território clandestino

onde não há sol ou solidão.

O homem, na morada de seus pensamentos,

na lógica de um lápis ousando rascunhar,

decodifica o recital do vento.

E no êxodo da folha, a comunidade de poeira

emana semântica da profundidade invisível

que um dia o olhar perceberá.

O lápis suplente da doce voz,

anula a lógica do desencontro

caminhando entre o desenho e a ideia

no caos potencial de um rascunho.

O risco inconsequente do desamor

como rosa dilacerada que descompassa

o genuíno sentido.

Extravasa odor desprovido de conceito.

Por que não seremos imagem?

Talvez temos a sina da rosa,

ser pétala de celebração,

levitar, ornar, colorir o chão

vulgar.

Mas resgatar a memória do sol

num campo intangível de ar.

Dedicado à incorruptível dimensão molecular.

Rafael Gustavo Vieira
Enviado por Rafael Gustavo Vieira em 22/08/2015
Código do texto: T5355207
Classificação de conteúdo: seguro